As Armadilhas da Comunicação

Por Robert J. Tamasy

 

Comunicação, como geralmente eu a definia quando ministrava aulas de comunicações empresariais na faculdade, é “a troca bem-sucedida de significado”. Com todos os “avanços” da tecnologia na comunicação moderna, parece que o desafio para realizar isso – comunicar com clareza e eficácia – está mais difícil do que nunca.

 

Algumas semanas atrás, um de meus vizinhos, Henry, enviou-me uma mensagem pela mídia social dizendo que ele e sua família estariam fora da cidade durante o final de semana, e perguntava se eu poderia checar de vez em quando sua casa para assegurar que não haveria nenhum carro estranho parado em sua porta. Eu respondi que faria isso.   Mais ou menos uma semana mais tarde, enviei a Henry uma mensagem, gentilmente afirmando: “Fiquei de olho em sua casa enquanto você estava fora. Nada aconteceu. Espero que você tenha feito uma boa viagem.” Não tive retorno dele, mas dias mais tarde mandei novamente uma mensagem: “Sinto muito não termos nos comunicado ultimamente. Eu vejo você entrando no carro para ir trabalhar ou quando volta para casa. Espero que possamos nos encontrar em breve e bater um papo.” Nenhuma resposta.

     Não muito tempo depois, resolvi telefonar para o Henry para dizer que minha esposa e eu estaríamos fora e perguntar se ele poderia retribuir o favor e olhar nossa casa em nossa ausência. Quando uma voz feminina atendeu ao telefone, perguntei se era minha vizinha, Cathy. “Não”, ela respondeu, “quem está falando?” Eu expliquei que estava tentando falar com o meu vizinho.

    “Bem, este telefone não é mais dele”, respondeu a voz feminina, “quando Henry mudou de emprego, eu assumi o seu antigo posto e herdei seu telefone de trabalho.” Mais tarde, consegui o número correto do telefone do meu vizinho, mas refletindo sobre as mensagens que eu lhe enviara anteriormente, fiquei imaginando o que a mulher que as recebeu por engano tinha pensado: “Fiquei de olho em sua casa...espero que tenha feito boa viagem.” “Vejo você entrando em seu carro...quando retorna para casa...” Uau! Será que a mulher, que eu não conhecia, ficou pensando que eu era algum tipo de perseguidor?

     Gostaria de pensar que este tipo de comunicação confusa é raro, mas suspeito que ele esteja se tornando muito comum nesta era digital em que nós enviamos  precipitadamente textos, e-mails e mensagens quase que sem pensar. Isso traz à mente alguns dos perigos da comunicação descuidada que data desde os tempos bíblicos:

 

1- Palavras demais, pouca consideração cuidadosa. Nós ouvimos isso em programas de entrevistas, nas notícias dos telejornais e em toda parte da mídia social – pessoas ansiosas demais para falar e pouco dispostas a considerar o impacto do que estão prestes a dizer. “Quando são muitas as palavras, o pecado está presente, mas quem controla a língua é sensato.” (Provérbios 10:19).

2- Muito falar, pouco ouvir. Tem sido afirmado que muitas pessoas já não ouvem o que os outros estão dizendo; apenas esperam que a outra pessoa se cale para que possam começar a falar novamente. “Meus amados irmãos, tenham isto em mente: sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se, ...” (Tiago 1:19).

3- Muitas feridas, pouca cura. Com a comunicação de massa nos bombardeando de todas as formas possíveis, há a propensão de se infligir sofrimento, intencionalmente ou não. A maioria de nós precisa aprender a estar disposto a pedir desculpas, admitindo “Sinto muito”, quando ocorrem erros de comunicação, da mesma forma que estamos dispostos a expressar o que pensamos. “Há palavras que ferem como espada, mas a língua dos sábios traz a cura.” (Provérbios 12:18).

 

Próxima semana tem mais!